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Nadia Ghulam tinha apenas 11 anos quando percebeu que precisava assumir o sustento de sua casa. Seu irmão havia sido assassinado e o pai, diagnosticado com problemas psiquiátricos. Dois anos antes, uma bomba havia destruído a casa da família, em Cabul, no Afeganistão. A história de Nadia é contada no livro O Segredo do Meu Turbante, lançado em 2010 e publicado recentemente em português pela Globo Livros, escrito com a jornalista espanhola Agnés Rotsger.

O bombardeio deixou a menina em coma por seis meses e cicatrizes profundas em seu rosto. Sem rumo, sem posses e com o país controlado pelo regime Talibã, restou a ela adotar o disfarce do irmão morto para conseguir trabalhar e sobreviver ao lado de sua mãe.

Na pele do irmão, Nadia se tornou lavradora em uma fazenda, onde ganhava pouquíssimo dinheiro. Nas horas vagas, ainda fazia manutenção de poços, sempre mantendo o disfarce. Se fosse mulher, isso não poderia ser feito. Ela não contava sua verdadeira identidade nem para os amigos mais próximos e dormia todos os dias com o turbante que escondia seus cabelos. Não tirava a peça nem mesmo dentro de casa. A afegã ainda fazia manutenção de poços nas horas ‘vagas‘.

Em 2006, ela se mudou para a Espanha, onde foi acolhida por um casal de idosos. Quando chegou ao país europeu, relutou antes de assumir sua identidade de gênero feminina. Na cabeça dela, voltar a ‘ser mulher‘ significaria abrir mão de suas liberdades.

Hoje, aos 35, Nadia é educadora social e atua à frente da associação Ponts per la Pau, organização voltada para ajudar imigrantes e promover a educação entre crianças afegãs. Em entrevista à Folha de São Paulo, ela falou sobre a angústia que viveu nessa época. “Quando vi que podia fazer tudo o que fazia no Afeganistão, mas me comportando como a mulher que sou e sem ter que me esconder, senti uma felicidade enorme.

Atualmente, Nadia costuma voltar ao Afeganistão para visitar os pais. Ela explica que falar de estresse pós traumático em um país que está em guerras há mais de 40 anos soa quase redundante, uma vez que situações traumáticas acontecem todos os dias.  O trauma não integra as circunstâncias, mas é a realidade.

 

 

 

FONTE: HYPENESS