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O objetivo do mapeamento é apontar onde estão as mães que mais precisam de apoio, seja com alimentos, produtos de higiene, auxílio jurídico ou psicológico, e conectá-las com as muitas campanhas solidárias da sociedade civil

 

pandemia de coronavírus e a necessária quarentena para combater a disseminação da doença deixam a maior parte da população no país necessitando da assistência do governo ou de doações da sociedade civil. Mas, como dizia aquele código de conduta criado em meados do século XIX: “Mulheres e crianças primeiro”. É esta a orientação que norteia toda uma rede de apoio que vem se formando para dar apoio a mães que já estão precisando de ajuda para sobreviver à crise que a Covid-19 instalou no país.

Organizações como Maternativa, Maternashop e várias outras que já trabalhavam com esse público estão criando formas de ajudar mães em situação vulnerável. No último dia 28 de março, a Casa Mãe e o Coletivo Massa começaram a mapear mulheres que cuidam de crianças, e muitas vezes também de idosos, que estão sem quaisquer condições de sustentar sua família nesse momento de quarentena. Batizado de “Segura a curva das mães”,  o levantamento termina nesta quinta-feira (2). Até a noite desta quarta, havia inscrições de 670 mulheres em todos os estados do país, mas principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O trabalho vai reunir histórias como a de Maria (nome fictício), que mora na Zona Oeste do Rio com seus dois filhos, de 4 e 2 anos de idade. O mais velho é autista, e a mãe está tentando marcar uma consulta para confirmar se o mais novo receberá o mesmo diagnóstico. Ela trabalhava como gestora de projetos no setor de óleo e gás, mas foi demitida em 2015, quando voltou da licença-maternidade. Desde então, prestou consultoria na sua área, mas sempre completando a renda com algum outro trabalho, vendendo doces ou fazendo atendimento de baralho cigano, que ela joga desde pequena. Mas, com a epidemia de coronavírus, todas as fontes secaram.

— O pai das crianças saiu de casa em dezembro e está ajudando muito pouco com as despesas. Há algum tempo que eu vivo com a ajuda de amigas, mas, agora, não tenho a quem recorrer. Não sei como vou conseguir comida para meus filhos durante essa crise — conta a mãe, que se inscreveu no mapeamento “para ser vista” e, assim, receber ajuda. — Hoje, eu me sinto como se fosse invisível.

O objetivo do mapeamento é apontar onde estão as mães que mais precisam de apoio, seja com alimentos, produtos de higiene, auxílio jurídico ou psicológico. O passo seguinte será conectar essas pessoas com as muitas campanhas solidárias da sociedade civil que estão reunindo recursos para distribuir itens de primeira necessidade, como cestas básicas e álcool em gel, entre comunidades espalhadas pelo país. Mas o trabalho também pode ajudar as ações dos governos a alcançar essas mães, uma vez que o projeto vai criar redes de comunicação para, entre outras coisas, informar as pessoas sobre como obter os auxílios do poder público. A própria criação dessa rede é uma forma de dar apoio.

—  Vamos criar redes de mulheres por regiões. A gente acredita muito no potencial das redes. Se as mães conseguirem construir laços entre elas, ficam muito mais fortes. Estamos no momento de assistir, sim. Mas a gente precisa criar redes autônomas pra que elas entendam que podem se mobilizar e sair das situações de vulnerabilidade —  explica a ativista Thais Ferreira, uma das responsáveis pelo mapeamento, junto com Thaiz Leão, elas próprias mães batalhadoras também.

O trabalho leva em consideração diversas questões que podem colocar uma mãe na situação de vulnerabilidade. Acesso escasso a serviços de saúde, renda abaixo das necessidades básicas da família, condições de moradia impróprias e risco de violência doméstica, entre outros problemas comuns. Segundo Thaís Ferreira, existe um temor entre os grupos ativistas de que o isolamento domiciliar leve a um salto nos índices de violência doméstica. Portanto, se for o caso, o trabalho pode ser indicar os meios para acionar uma delegacia e atendimento à mulher ou mesmo a Defensoria Pública.

Mesmo antes do término do mapeamento, o cadastro que vem sendo criado com as informações das mulheres inscritas já permite saber que 30% das mães identificadas só estão garantindo alimento para suas famílias com a ajuda de outras pessoas.

— A maioria trabalha na informalidade, então vai ficar sem renda enquanto durar essa quarentena. Só que não estamos falando de apenas uma pessoa. São pessoas que sustentam crianças e até mesmo idosos em suas casas. Então, achamos que a ajuda tem que chegar a elas com prioridade — diz Thaís.

O mapeamento está em: seguraaonda.com.br/foruns/topico/segura-a-curva-das-maes/

 

 

 

Fonte: O Globo