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Pode ser aquele namorado super controlador ou até mesmo um colega de trabalho que dá um jeito de receber o crédito por algo que não fez. Todos estão sujeitos a conviver com um gaslighter, ou seja, uma pessoa que pratica uma violência psicológica utilizando mentiras e distorções para manipular alguém (que em alguns casos chega a questionar a própria sanidade mental).

Este é o tema do livro “O Fenômeno Gaslighting”, escrito pela psicóloga Stephanie Moulton Sarkis. O termo gaslighting tem origem na peça Gas Light (1938), do dramaturgo Patrick Hamilton, em que uma das formas de o marido manipular a esposa era diminuir a intensidade da luz a gás para ela acreditar que estava ficando louca.

Em entrevista à GALILEU, a autora norte-americana conta que ao longo de 20 anos de trabalho como psicológa, ela constatou um aumento alarmante no número de pessoas que buscaram ajuda por serem vítimas (e sobreviventes) de gaslighting — que é praticado igualmente por homens e mulheres, diz a autora.

Ela então escreveu um artigo em seu blog Psychology Today intitulado ‘11 Warning Signs of Gaslighting’ (11 Sinais Para Ficar Atento ao Gaslighting). “O artigo se tornou viral, e muitas pessoas me contataram dizendo que esta era a primeira vez que viram uma descrição exata de seu parceiro, colega de trabalho, empregador ou membro da família. Os leitores afirmaram que poderiam finalmente identificar o comportamento de um gaslighter pelo o que é — abuso emocional.”

Foi então que ela decidiu escrever o livro que funciona como um guia para identificar um gaslighter e tirá-lo de sua vida. “Muitos de nós tiveram gaslighters em nossas famílias, no trabalho, nos relacionamentos — ninguém está imune. A estratégia de enfrentamento mais eficaz é distanciar-se do contato final sempre que possível”, explica a autora.

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E ela dá dicas para prestar atenção nos sinais e descobrir se você está se envolvendo com um gaslighter no âmbito amoroso para poder cortar a o contato imediatamente. Um dos casos mais comuns é quando o gaslighter está dando tanta atenção a ponto de parecer bom demais para ser verdade, o que ela chama de “bombardeio de amor”. “Gaslighters te dizem tudo o que você quer ouvir — e então quando eles sabem que você está em um relacionamento com eles, eles desvalorizam você”, diz a autora, que acrescenta que a vítima sente que não pode fazer nada a partir de então.

É preciso prestar atenção especialmente em sites de namoro online, já que os gaslighters podem escolher um personagem para interpretar para atrair com a capacidade de ser quem eles querem. Eles podem apresentar um “falso eu”, destinado a enredar a outra pessoa. Uma vez que os gaslighters sabem que você está em suas garras, a fachada deles cai e o abuso emocional começa.

Para a autora, é importante que a leitora saiba que há esperança em reconstruir a vida depois de sobreviver a um gaslighting. “Cortar o contato com um gaslighter pode ser muito difícil, especialmente porque ele se esforçará muito para voltar a ter um relacionamento. Isto é porque os gaslighters têm tal necessidade de atenção que enfrentar a falta dela os coloca em um modo de pânico”, explica Sarkis. Uma saída seria, ao se livrar de um gaslighter, bloquear números de telefone e e-mails, e avisar aos amigos e familiares que você não quer ouvir nenhuma mensagem que o manipulador esteja tentando passar para você por meio deles.

Caso você esteja trabalhando com um gaslighter, deixar o seu trabalho pode ser a melhor opção. “Embora isso não seja justo para você, considere o custo emocional e físico de permanecer no emprego”.

Em casos que não seja possível cortar completamente o contato — o gaslighter é um parente, por exemplo, é muito importante estabelecer limites claros e praticar um bom autocuidado quando a pessoa está por perto. “Você pode criar um ‘novo normal’, onde sua vida não é mais executada por alguém que o abusa”, diz a autora.

O mais importante, segundo Sarkis, é saber que há esperança e ajuda disponível para não ter sua vida controlada por um gaslighter.

 

 

Fonte: Geledes