(11) 3726-4220 – das 9h às 18h

Peça ajuda

Doe agora

Como participar

Quantas cenas de afeto entre um casal de pessoas brancas você lembra de ter visto na TV brasileira? E com pessoas negras? É curioso perceber que ao tentarmos lembrar de cenas produzidas pela audiovisual nacional, que demonstrem esse tipo de cena entre atores negros, lembramos de tão poucas cenas ou quase não lembramos.

Segundo pesquisa do IBGE de 2010 mais de 50% da população negra feminina brasileira não vive algum tipo de união estável. E o curioso é que isso independe inclusive de classe social. E o pior: quanto mais negra, de pele escura e traços negroides, menos o tipo “ideal” essa mulher tem. Abro um parêntese para citar o trecho de um livro que amo e que indico, Mulheres que Correm com os Lobos (de Clarissa Pinkola Estés):

“Defender apenas um tipo de beleza é de certo modo não observar a natureza. Não pode haver apenas um tipo de ave canora, apenas uma variedade de pinheiro, apenas uma qualidade de lobo. Não pode haver apenas um tipo de bebê, de homem ou de mulher. Não pode haver apenas um formato de seio, de cintura, um tipo de pele”.

Infelizmente, esse outro tipo de racismo que é o colorismo, contribui inclusive para que essa mulher negra que muitas vezes está num estado de carência, consciente ou inconscientemente, dê oportunidade na sua vida para um relacionamento abusivo com doses de violência psicológica e até física. E muitas vezes a mulher negra sequer denuncia à polícia, para não se sentir “culpada”, devido a sua consciência sobre o grande encarceramento em relação ao homem negro. Infelizmente, posso afirmar isso com conhecimento de causa.

Não é à toa que as mulheres negras são as maiores vítimas de violência doméstica representando 58% das ligações no 180. Inclusive, segundo dados da série de estudos do Mapa da Violência, o homicídio de mulheres negras cresceu mais de 50% em uma década, enquanto o das mulheres brancas diminuiu.

Claro que essa questão do afeto também tem a ver com a nossa herança de uma sociedade escravagista, em que mulheres negras eram inclusive “objetos” que serviam também para a reprodução de mais negros. Por todas essas questões, é muito importante que a sociedade como um todo e especialmente o homem negro,  tenha empatia e consciência do que está em torno dessa mulher que está na base da pirâmide social.

 

 

Fonte: Revista Vogue