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A reação mais comum diante de uma notícia de violência contra mulher — sejam casos como o da paisagista Elaine Caparróz, desfigurada no primeiro encontro, ou de Eva Luana da Silva, torturada e estuprada pelo padrasto durante oito anos — é dizer que o cara é louco. Um homem ‘normal’ não faria isso.

Os dados do relatório ‘Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil’, divulgado nesta terça-feira (26), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sugerem, então, que o Brasil virou um hospício.

Segundo o levantamento, no último ano, 12,5 milhões de mulheres sofreram ofensas verbais, como insulto, humilhação ou xingamento, 4,6 milhões (nove por minuto) foram tocadas ou agredidas fisicamente por motivos sexuais. E 1,6 milhão (três por minuto) sofreram tentativas de espancamentos ou estrangulamento. É preciso muitos homens loucos para cometer tantas atrocidades.

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mpresária agredida no primeiro encontro é alerta para mulheres

‘Ah, mas levou o desconhecido para dentro de casa…’ Aham. Quase 80% das agressões sofridas por mulheres foram praticadas por um conhecido, como namorados, maridos, familiares, ex-companheiros e até vizinhos. Cerca de 40% das agressões ocorrem dentro de casa, como no calvário de Eva.

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É preciso de uma vez por todas enxergar a violência contra a mulher pelo lado de quem comete as agressões: homens e, em sua esmagadora maioria, de confiança das vítimas. Continuar sustentando o discurso de que isso é coisa de doido não ajuda em nada. Não temos tantos malucos assim à solta. Quem comete essa montanha de violência são caras normais, bem comunzinhos mesmo, aqueles que podem estar aí do seu lado.

‘Não é todo homem que agride’. E quem vai pagar para ver?

Está na hora de chamar a rapaziada para o centro do debate. Esses números não são brincadeira. Eles jogam na cara de todos a abragência do problema e os homens precisam deixar de ser coniventes com seus pares. A violência contra mulher não será vencida apenas encorajando as denúncias. Menos de metade os casos são notificados. Existe uma rotina de medo que cala as vítimas.

Obviamente que é preciso punir os agressores, mas o caminho para enfrentar essa loucura passa, necessariamente, pela mudança de comportamento masculino. São eles que precisam mudar. São eles que precisam parar de agredir, de assediar, de ejacular em cima das garotas no transporte público, de tornar a existência feminina um risco permanente.

Essa mudança de mentalidade não vai ser simples. Os homens que se sentem incomodados pelo comportamento machista e agressivo de seus amigos podem e devem ser os primeiros a ajudar nessa missão, servindo como agentes disseminadores de uma nova postura com as mulheres. Pode parecer ingenuidade, mas em algum momento os homens ‘normais’ precisam entrar nessa briga e lutar, ao lado das mulheres, pelo fim dessa violência de gênero.

FONTE: R7