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Com a pandemia do novo coronavírus, o Magazine Luiza, uma das maiores varejistas do País, voltou à carga nas redes sociais esta semana com uma campanha  que incentiva as mulheres a denunciarem a violência doméstica. Lançada  ano passado e agora renovada, a campanha atrai as pessoas com produtos de maquiagem  para “esconder manchas e marquinhas” (da violência),  mas direciona a vítima a usar o botão de pânico, que já existia dentro do aplicativo de vendas da loja, para fazer a queixa. Esse botão está conectado com o canal 180 do governo federal que registra as ocorrências contra as mulheres.

Com o isolamento imposto pela pandemia, a empresa registrou duas realidades distintas em relação à violência contra a mulher. Sem a presença dos colegas que ajudavam nas denúncias, caiu cerca de 50%  o total de queixas de violência doméstica no canal interno destinado a funcionárias da companhia. Por sua vez, nesse mesmo período, aumentou quase 400% no número de denúncias de violência doméstica contra mulheres em geral no botão de pânico do aplicativo da varejista. Vários países registraram aumento de violência contra a mulher nesta pandemia e o assunto já foi tratado pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e também pelo papa Francisco.

Luiza Trajano - Magazine Luiza
Luiza Trajano é o nome por trás da varejista Magazine Luiza.  Foto: Renato Cerqueira/Futura Press

Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho da rede varejista e também do Mulheres do Brasil, grupo apartidário com 40 mil integrantes, diz que a pandemia escancarou a desigualdade social e trouxe à tona a questão da violência feminina.  “A  mulher que mais sofre é aquela que enfrentava problemas de violência doméstica, não tinha coragem de denunciar e agora tem  de ficar em casa junto com agressor.” A seguir os principais trechos da entrevista.

Como a sra. está vendo os efeitos da pandemia?

A pandemia escancarou a desigualdade social. Não sou só eu que estou falando isso. A gente sabia que tinha, mas agora foi acentuada. A mulher que mais sofre é aquela que enfrentava problemas de violência doméstica, não tinha coragem de denunciar e agora tem de ficar em casa junto com agressor. A nossa maior preocupação é porque elas não têm como denunciar.

Quais são as indicações de que isso está acontecendo?

A gente percebeu que caiu 50% o número de denúncias no nosso canal interno. As funcionárias estão em casa e não denunciam. Também quem ajudava nas denuncias eram colegas de trabalho que viam a mulher chegar para trabalhar com marcas roxas  ou porque faltava muito no serviço. Isso não está acontecendo por causa do isolamento. Por isso, estamos  retomando a campanha nas redes sociais para divulgar o botão de denúncia que está dentro do aplicativo. Esse canal serve para qualquer mulher, não apenas as funcionárias. É só apertar o botão e ela é direcionada para o canal 180 de governo que recebe as denúncias contra as mulheres . O 180 funciona muito bem.

Quanto já aumentaram as denúncias de violência contra a mulher por meio desse canal do aplicativo?

O crescimento do número de denúncias  foi de quase 400% em maio deste ano em relação ao mesmo período de 2019 e em relação a abril também.

Quais ações a empresa está tomando?

Fiz uma gravação pedindo aos gerentes e líderes  nossos que, se soubessem de mulheres agredidas que ligassem como se fossem do Magazine. Agora estou fazendo a campanha do nosso aplicativo.

Desde quando a empresa tem esse botão de denúncia dentro do aplicativo da loja?

Temos esse botão de denúncia dentro do aplicativo desde 2019. Ele orienta o que a mulher deve fazer em caso de violência doméstica. A vantagem é que a mulher pode disfarçar que está fazendo compras , aperta o botão e a gente fica sabendo. Sou do grupo Mulheres do Brasil, que tem um comitê muito atuante contra violência da mulher. Sempre soube do problema, mas não imagina que estava tão perto de mim. Três anos atrás tivemos um caso dentro da empresa e perdemos uma gerente da loja de Campinas (SP). Foi a partir daí que criei o canal de denúncia de violência contra a mulher dentro da empresa e comecei a trabalhar nesse tema.

Como a sra. está vendo a atuação do governo na pandemia?

Não vejo outra forma de enfrentar a pandemia senão através da união. Fico triste porque neste momento não tem que se discutir quem está certo ou errado. Temos um único inimigo: o vírus. Eu não dou razão para quem não se une. Não defendo nem um nem outro.

 

 

 

Fonte:  ESTADÃO