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Por Nathália Geraldo

Apesar de o Carnaval ter sido de liberdade do corpo para muitas mulheres, as críticas em relação à forma física — especialmente das famosas — ganharam as redes sociais. A modelo curvy Letticia Munniz foi alvo desses comentários por usar um dos acessórios que se tornaram hit na folia: o tapa-mamilo.

A escolha do look da modelo virou tema de reportagem no domingo no UOL. E foram os ataques gordofóbicos deixados na caixa de comentários — “Rídicula”, “Quem é a gorducha?”, entre outros — que fizeram Letticia se pronunciar no Instagram para reforçar ainda mais a necessidade de falarmos sobre o fim dos padrões estéticos para o corpo feminino.

“Quero fazer o que for possível pra que a gente não precise mais ler ou ouvir maldades como essa, quero representar nossos corpos, quero que ninguém mais nos coloque pra baixo nem nos faça mal, porque a gente se ama, se cuida e tem orgulho dos nossos corpos que carregam tanta história”, escreveu na rede.

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Para Universa, Letticia explica que ler ou ouvir comentários que menosprezam o corpo fora do padrão é, infelizmente, uma realidade para muitas de nós.

“Os comentários sobre aparência e peso são comuns no círculo familiar, de cada 10 mulheres, creio que nove já ouviram. Quando eu fui crescendo, ouvia isso, porque sou uma mulher de seios, de coxa, de bunda e de braços grandes. Com 13 anos, faziam sopa para dieta. E eu acho que não é isso que, nessa idade, tem que ser incentivado, mas a ser feliz”, avalia.

 

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Expor o corpo no Carnaval

Ter passado o Carnaval com o corpo mais exposto foi uma forma de fazer as pazes com seu passado.

Ela conta que já viveu anos em que seu principal objetivo era emagrecer. “Eu já tomei muito vinagre para vomitar, remédios, laxantes. Às vezes não podia nem sair de casa, não ia à escola, porque tinha medo de passar mal na aula. Então, isso impacta na vida inteira, na autoestima. Você não é feliz quando está na busca incessante da magreza”, diz.

Romper com essas práticas, que comprometem a saúde física e mental e trabalhar a autoestima —até se sentir bem ao aparecer publicamente com roupas curtas ou tapa-mamilo — faz parte da vontade de incentivar outras mulheres a fazerem o mesmo.

“Eu saí no Carnaval do jeito que eu queria, e sairia assim se eu tivesse com menos ou com mais quilos que isso. Porque ser uma mulher livre é não seguir padrões”. Ser chamada de “gorducha”, entre outras expressões com tom pejorativo, diz, “só evidencia como as pessoas gostam de se sentir superiores, ao pensarem que por elas não serem uma minoria, são soberanas. No fim, são cidadãos que gostam de se autoafirmar como superiores”.

Comentários reforçam preconceitos

Para Letticia, a tentativa de controle sobre o corpo feminino, exposta nos comentários, denuncia como ainda não aprendemos a respeitar as diferenças.

“Os comentários [sobre o corpo] não são só sobre mim, mas sobre muitas mulheres: dizem que a Bruna Marquezine está magra demais, que fulana está gorda demais. Isso só demonstra como nossa sociedade é preconceituosa. E em várias vertentes: é gordofóbica, racista, xenofóbica”, explica Letticia. “Eles são uma afirmação de um raciocínio que a gente aprende desde muito novo: excluir o outro por aquilo que é ensinado ser ‘defeito’.”

Ser uma mulher livre e ajudar outras a se libertarem

Letticia explica que do mesmo jeito que a internet dá a sensação de autorização para comentários críticos em relação ao corpo dos outros, também tem a potente capacidade de formar redes de apoio e de identificação.

É o que ela costuma fazer em seu trabalho, inclusive impulsionando hashtags como o “Corpão de Verão”, para que mulheres com corpos reais não se sintam envergonhadas de mostrarem quem são.

“Eu sou uma mulher livre, que não tenta agradar a ninguém em nenhum nível, pessoal, profissional, na aparência. Só que a gente aprendeu a agradar os homens, ter o corpo de tal forma. E não quero isso para mim”, conta. “Meu trabalho é libertar outras mulheres. A rede social me libertou quando eu vi uma foto da modelo Ashley Graham e, pela primeira vez, achei bonita uma mulher com o corpo parecido com o meu.”

 

 

 

Fonte: Universa